Pré-natal em casos de suspeita de sífilis congênita em hospital pediátrico em Santa Catarina, Brasil

Palavras-chave: Sífilis, Sífilis Congênita, Transmissão Vertical de Doenças Infecciosas, Infecções Sexualmente Transmissíveis

Resumo

A sífilis congênita é uma infecção de transmissão vertical prevenível. Este estudo objetiva descrever o acompanhamento pré-natal de gestantes com casos suspeitos de sífilis congênita. Trata-se de um estudo ecológico, epidemiológico e retrospectivo, realizado por meio da descrição de dados de prontuários e aprovado por comitê de ética institucional. A amostra compreendeu casos suspeitos de sífilis congênita atendidos em ambulatório de infectologia pediátrica de um hospital público em Florianópolis, Santa Catarina, Brasil, entre 2021 e 2022. Dos 142 casos identificados, 122 (85,92%) tiveram acompanhamento pré-natal. Em 102 casos (71,83%) foi iniciado tratamento da sífilis gestacional; entretanto, em 70 casos (42,25%) o tratamento foi iniciado com menos de 30 dias antes do parto. Entre os 85 casos confirmados de sífilis congênita, 22 (26,51%) alcançaram o número mínimo de consultas de pré-natal, 20 mães (24,10%) foram diagnosticadas apenas no terceiro trimestre, e 17 (20,48%) não foram diagnosticadas durante o pré-natal. Observou-se, nos casos de infecção, falhas no tratamento e menor número de consultas de pré-natal, reforçando a importância de uma adequada atenção à gestante como medida de prevenção da sífilis congênita.

Biografia do Autor

Isabela Flebbe Strapazzon, Universidade Federal de Santa Catarina

Acadêmica de Medicina. Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, SC, Brasil.

Emanuela Rocha Carvalho, Universidade Federal de Santa Catarina

Docente assistente B1 pediatria da Universidade Federal de Santa Catarina e médica infectologista pediátrica do serviço de infectologia pediátrica do Hospital Infantil Joana de Gusmão- Florianópolis -Santa Catarina. Atualmente é doutoranda no Programa de Pós Graduação em Ciências Médicas da Universidade Federal de Santa Catarina (2022). Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal de Santa Catarina (2008). Médica Pediatra pelo Hospital Municipal São José de Joinville- Santa Catarina (2013). Residência Médica em Infectologia Pediátrica pelo Complexo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (2017). Possuiu pós graduação Lato Sensu em Medicina Intensiva Pediátrica, Área de Conhecimento Saúde e Bem Estar Social pela Faculdade Redentor (2015). Possui Mestrado pelo Programa de Pós-graduação em Saúde da Criança e Adolescente da UFPR com área de concentração em Infectologia Pediátrica (2019). É membro do grupo de Facilitadores de Manejo Clínico da Tuberculose na Infância e Adolescência do Programa Nacional de Controle da Tuberculose pelo Ministério da Saúde do Brasil. O qual, por meio de capacitações periódicas busca divulgar e multiplicar conhecimentos e trocar experiências que visam melhorar a assistência de crianças e adolescentes com tuberculose no país. Presta assessoria técnica para os casos de tuberculose de Crianças e Adolescentes em parceria com a Gerência em Tuberculose da Diretoria de Vigilância Epidemiológica do estado de Santa Catarina. É médica referência em Genotipagem do HIV pelo Ministério da Saúde prestando consultoria em laudos de pacientes pediátricos do estado de Santa Catarina. Membro da Diretoria da Sociedade Catarinense de Pediatria. É membro do departamento científico de Infectologia Pediátrica da Sociedade Catarinense de Pediatria. Apresenta áreas de interesse em Saúde da Criança e Adolescência, Pediatria, Infectologia Pediátrica, Docência, Cooperação e Divulgação Científica, Educação Médica.

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Publicado
2024-12-17
Como Citar
1.
Strapazzon IF, Carvalho ER. Pré-natal em casos de suspeita de sífilis congênita em hospital pediátrico em Santa Catarina, Brasil. Revista de Saúde Pública do Paraná [Internet]. 17dez.2024 [citado 30dez.2024];7(4):e1006. Available from: http://revista.escoladesaude.pr.gov.br/index.php/rspp/article/view/1006
Seção
Artigos originais