A importância da intersetorialidade no cuidado em saúde mental a partir do CAPS

Palavras-chave: Saúde mental, Intersetorialidade, cartilha

Resumo

O presente estudo teve por objetivo contribuir para o fortalecimento da
intersetorialidade como uma estratégia de cuidado para usuárias/os de um CAPS. A
partir de uma pesquisa ação com quatro profissionais, buscou incentivar a articulação e
o compartilhamento do cuidado, com contiguidade, entre os serviços da rede de saúde e
da rede socioassistencial do município onde o CAPS estava situado. A análise dos
dados apontou para quatro categorias temáticas: a) “O território e suas tensões”, onde
são discutidos aspectos relacionados a construção dos territórios e como podem eles ser
inclusivos ou segregadores; b) “A cartilha: uma proposta para a produção da
intersetorialidade”, nela detalhamos a elaboração do material que amparou o trabalho da
pesquisa, seus propósitos e suas reverberações na produção de alguns projetos
terapêuticos singulares de pessoas acompanhadas no CAPS; c) “Psicologização das
questões sociais”, onde abordamos a supervalorização da psicologia e as limitações
advindas daí ; d) “Processos de trabalho e seus percalços”, em que discorremos sobre o
funcionamento da equipe e os reflexos de posturas profissionais no cuidado de
usuários/as. Concluímos, por fim, que as ações intersetoriais necessitam de uma
mobilização dos/as profissionais de saúde mental e também dos/as profissionais de
outros setores para que haja uma mudança sociocultural no entendimento da loucura e
de seu pertencimento a diferentes territórios. Reconhecemos a importância do
aprimoramento das ações intersetoriais, do cuidado compartilhado, do conhecimento do
território e sua consideração no acompanhamento da/o usuária/o nos serviços.

Referências

AMANCIO, V. R.; ELIA, L. Panorama histórico-político da luta antimanicomial no Brasil:
as instabilidades do momento atual. Cadernos Brasileiros de Saúde Mental/Brazilian
Journal of Mental Health, v. 9, n. 24, p. 22-49, 2017.
AMARANTE, P.; NUNES, M. O. A reforma psiquiátrica no SUS e a luta por uma
sociedade sem manicômios. Ciência & saúde coletiva, v. 23, p. 2067-2074, 2018.
AMARANTE, P. et al. Autobiografia de um movimento: quatro décadas de Reforma
Psiquiátrica no Brasil. São Paulo. Zagodoni (1976-2016). 2021.
Atlas da vulnerabilidade social nos municípios brasileiros / editores: Marco Aurélio
Costa, Bárbara Oliveira Marguti. – Brasília : IPEA, 2015. 77 p. : gráfs., mapas color.
BEZERRA JR, B. Desafios da reforma psiquiátrica no Brasil. Physis: Revista de Saúde
Coletiva, v. 17, p. 243-250, 2007.
BEZERRA, E.; DIMENSTEIN, M. Os CAPS e o trabalho em rede: tecendo o apoio
matricial na atenção básica. Psicologia: ciência e profissão, v. 28, p. 632-645, 2008.
BLEICHER, L., and BLEICHER, T. Organizando o SUS. In: Saúde para todos, já!
[online]. 3rd ed. Salvador: EDUFBA, 2016, pp. 55-68. ISBN 978-85-232-2005-1.
BRASIL, Ministério da Saúde. Portaria nº 336, de 19 de fevereiro DE 2002. Brasília,
2002.
BRASIL, Ministério da Saúde. Portaria nº 3.088, de 23 de dezembro de 2011. Brasília,
2011.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Núcleo Técnico da
Política Nacional de Humanização. Ambiência / Ministério da Saúde, Secretaria
de Atenção à Saúde, Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. – 2.
ed. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2006.
BRASIL, Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, e Núcleo Técnico da
Política Nacional de Humanização. Clínica ampliada, equipe de referência e projeto
terapêutico singular, 2007.
BRASIL. Portaria de Consolidação nº 3 de 28 de setembro de 2017. Consolidação das
normas sobre as redes do Sistema Único de Saúde. 2017.
BONALUME, C. R. O paradigma da intersetorialidade nas políticas públicas de esporte
e lazer. LICERE-Revista do Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em
Estudos do Lazer, v. 14, n. 1, 2011.
CAMPOS, Gastão Wagner de Sousa. Equipes de referência e apoio especializado
matricial: um ensaio sobre a reorganização do trabalho em saúde. Ciência & Saúde
Coletiva, v. 4, p. 393-403, 1999.
CAMPOS, Gastão Wagner de Sousa; AMARAL, Márcia Aparecida do. A clínica
ampliada e compartilhada, a gestão democrática e redes de atenção como referenciais
teórico-operacionais para a reforma do hospital. Ciência & Saúde Coletiva, v. 12, p.
849-859, 2007.
CAMPOS, Rosana Onocko. O encontro trabalhador-usuário na atenção à saúde: uma
contribuição da narrativa psicanalítica ao tema do sujeito na saúde coletiva. Ciência &
Saúde Coletiva, v. 10, n. 3, p. 573-583, 2005.
Campos, R.T.O., & Gama, C. Saúde Mental na Atenção Básica. In CAMPOS, G. W. S.;
GUERRERO, Pires, V. A.. (Org.). Manual de Práticas de Atenção Básica: saúde
ampliada e compartilhada. São Paulo: [HUCITEC], 2008. 417 p. v. 1.
CARMO, M. E. do; GUIZARDI, F. L. Desafios da intersetorialidade nas políticas públicas
de saúde e assistência social: uma revisão do estado da arte. Physis: Revista de
Saúde Coletiva, v. 27, p. 1265-1286, 2017.
CERVO, Estefânia Bisognin et al. Interprofissionalidade e saúde mental: uma revisão
integrativa. Psicologia e Saúde em debate, v. 6, n. 2, p. 260-272, 2020.
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA - CFP. Resolução nº 17, de 19 de julho de
2022.
CUSTÓDIO, A. V.; SILVA, C. R. C. A intersetorialidade nas políticas sociais públicas.
Apresentação de Trabalho no I Seminário Nacional Demandas Sociais e Políticas
Públicas na Sociedade Contemporânea. Santa Cruz do Sul, RS, Brasil, UNISC,
2015.
DA SILVA LIMA, Mirla; DE AGUIAR, Ana Caroline Leite; SOUSA, Mabel Melo. O
cuidado compartilhado em saúde mental como potencial de autonomia do usuário.
Psicologia em Estudo, v. 20, n. 4, p. 675-686, 2015.
DELFINI, Patrícia Santos de Souza; REIS, Alberto Olavo Advíncula. Articulação entre
serviços públicos de saúde nos cuidados voltados à saúde mental infantojuvenil.
Cadernos de saúde pública , v. 357-366, 2012.
DE OLIVEIRA, Adriana Rosmaninho Caldeira et al. Reforma psiquiátrica: origens e
atualidade no Brasil. Revista Ensino de Ciências e Humanidades-Cidadania,
Diversidade e Bem Estar-RECH, v. 3, n. 2, Jul-Dez, p. 493-415, 2019.
DE PAIVA NETO, José Rangel; DA SILVA LIMA, Ingridy Lammonikelly; DE ALMEIDA,
Bernadete de Lourdes Figueiredo. O estado burguês e a psicologização da “Questão
Social”. Brazilian Journal of Development, v. 6, n. 3, p. 15592-15606, 2020.
ESLABÃO, A. D., et al. Rede de cuidado em saúde mental: visão dos coordenadores da
estratégia saúde da família. Revista Gaúcha de Enfermagem, v. 38, 2017.
FERRER, Ana Luiza. Sofrimento psíquico dos trabalhadores inseridos nos Centros
de Atenção Psicossocial: Entre o prazer e a dor de lidar com a loucura. 2007. Tese
de Doutorado. [sn].
FEUERWERKER, L. C. M.; BERTUSSI, D. C.; MERHY, E. E.. Avaliação compartilhada
do cuidado em saúde: surpreendendo o instituído nas redes-livro 1. In: Avaliação
compartilhada do cuidado em saúde: surpreendendo o instituído nas redes-livro
1. 2016. p. 440-440.
GODOY, M. G. C.; BOSI, M. L. M. A alteridade no discurso da reforma psiquiátrica
brasileira face à ética radical de Lévinas. Physis: Revista de Saúde Coletiva, v. 17, n.
2, p. 289-299, 2007.
GOMES, Doris; RAMOS, Flávia Regina Souza. Solidariedade, aliança e
comprometimento do profissional da saúde nas práticas do Sistema Único de Saúde
(SUS): um debate bioético. Interface-Comunicação, Saúde, Educação, v. 19, p. 9-20,
2015.
GOULART, Daniel Magalhães. Autonomia, saúde mental e subjetividade no contexto
assistencial brasileiro. Revista Guillermo de Ockham, v. 11, n. 1, p. 21-33, 2013.
HARTZ, Z. M.; CONTANDRIOPÓULOS, A.-P. Integralidade da atenção e integração de
serviços de saúde: desafios para avaliar a implantação de um “sistema sem muros”.
Cadernos de saúde pública, v. 20, p. S331-S336, 2004.
JORGE, Maria Salete Bessa et al. Promoção da Saúde Mental-Tecnologias do Cuidado:
vínculo, acolhimento, co-responsabilização e autonomia. Ciência & Saúde Coletiva, v.
16, p. 3051-3060, 2011.
JUNQUEIRA, L. A. P.. Intersetorialidade, transetorialidade e redes sociais na saúde.
Revista de Administração Pública, v. 34, n. 6, p. 35 a 45-35 a 45, 2000.
KINOSHITA, Roberto Tykanori (1996). Contratualidade e reabilitação psicossocial. In:
PITTA, Ana Maria Fernandes (org.). Reabilitação psicossocial no Brasil. São Paulo:
Hucitec, 1996. p. 55-56.
LEÃO, Thiago Marques; IANNI, Aurea Maria Zöllner; GOTO, Carine Sayuri.
Individualização e sofrimento psíquico na universidade: entre a clínica e a empresa de
si. Humanidades & Inovação, v. 6, n. 9, p. 131-143, 2019.
LUZIO, C. A.; YASUI, S. Além das portarias: desafios da política de saúde mental.
Psicologia em estudo, v. 15, p. 17-26, 2010.
MALACHIAS, A. C.; BALLAN, C. V. Território e Territorialidades no cuidado em saúde
mental. Atenção psicossocial a crianças e adolescentes negros no SUS, p. 69,
2021.
MASTRODI, Josué; SALA, Marcela Falsoni. O fenômeno da “alphavillezação da
cidade”: A proliferação dos condomínios fechados estudada à luz das ingerências
privadas na realidade do município de Campinas. Revista de Direito da Cidade, v. 9,
n. 3, p. 1046-1084, 2017.
MERHY, E.E. Apostando em projetos terapêuticos cuidadores: desafios para a mudança
da escola médico ou utilizando-se da produção dos projetos terapêuticos em saúde
como dispositivo de transformação das práticas de ensino-aprendizagem que definem
os perfis profissionais dos médicos. Revista Ciência & Saúde Coletiva. Rio de Janeiro,
v. 10, n. 5, p. 13-17. 1999.
MERHY, E. E. FRANCO, T. B. Por uma composição técnica do trabalho centrada no
campo relacional e nas tecnologias leves. Saúde em debate, v. 27, n. 65, p. 316-323,
2003.
MERHY, E.; FRANCO, T. B. Reestruturação produtiva e transição tecnológica na saúde.
São Paulo: Hucitec, 1997.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Atenção à Saúde. Política Nacional de
Humanização. HumanizaSUS: gestão participativa: co-gestão / Ministério da Saúde,
Secretaria de Atenção à Saúde, Política Nacional de Humanização. – 2. ed. rev. –
Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2009. 20 p.: il. – (Série B. Textos Básicos de
Saúde).
NASCIMENTO, S. Reflexões sobre a intersetorialidade entre as políticas públicas.
Serviço Social & Sociedade, p. 95-120, 2010.
OLIVEIRA, T. T. S. S.; FABRICI, E. P.; SANTOS, M. A. Estrutura e funcionamento de
uma equipe de saúde mental de Trieste na perspectiva de seus integrantes: um estudo
qualitativo. Psicologia em Pesquisa, v. 12, n. 2, p. 24-35, 2018
ORNELLAS, C. P. Os hospitais: lugar de doentes e de outros personagens menos
referenciados. Revista brasileira de enfermagem, v. 51, p. 253-262, 1998.
RAMMINGER, T.; BRITO, J. C. " Cada CAPS é um CAPS": uma coanálise dos
recursos, meios e normas presentes nas atividades dos trabalhadores de saúde mental.
Psicologia & Sociedade, v. 23, p. 150-160, 2011.
SANTOS, L. S., et al. Laços com a Loucura: a cidade como espaço de promoção de
saúde mental. Barbarói, p. 208-226, 2019.
SANTOS, Milton; SILVEIRA, Maria Laura. O Brasil: território e sociedade no início do
Século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2001. 471p. pag 302-303.
SARACENO, Benedetto. Libertando identidades: da reabilitação psicossocial à
cidadania possível. In: Libertando identidades: da reabilitação psicossocial à
cidadania possível. 1999. p. 95-101.
SEVERO, A. K.; DIMENSTEIN, M. Rede e intersetorialidade na atenção psicossocial:
contextualizando o papel do ambulatório de saúde mental. Psicologia: Ciência e
Profissão, v. 31, p. 640-655, 2011.
SILVA, Gilson Mafacioli da et al. O processo de trabalho na supervisão
clínico-institucional nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Revista
Latinoamericana de psicopatologia fundamental, v. 15, p. 309-322, 2012.
SOUSA, Patrícia Fonseca; MACIEL, Silvana Carneiro; MEDEIROS, Katruccy Tenório.
Paradigma biomédico x psicossocial: onde são ancoradas as representações sociais
acerca do sofrimento psíquico?. Trends in Psychology, v. 26, p. 883-895, 2018.
THIOLLENT, M. Metodologia da pesquisa-ação. Cortez editora, 2022.
ZAMBENEDETTI, G.; SILVA, R. A. N.. A noção de rede nas reformas sanitária e
psiquiátrica no Brasil. Psicologia em Revista, v. 14, n. 1, p. 131-150, 2008.
Publicado
2024-12-03
Como Citar
1.
Godoy TC de, Andrade APM de. A importância da intersetorialidade no cuidado em saúde mental a partir do CAPS. Revista de Saúde Pública do Paraná [Internet]. 3dez.2024 [citado 22dez.2024];7(Supl.1):1-2. Available from: http://revista.escoladesaude.pr.gov.br/index.php/rspp/article/view/152