Assistência ao parto e violências sob a ótica de profissionais de saúde

Palavras-chave: Apresentação Pélvica, Pessoal de Saúde, Obstetrícia, Violência contra a Mulher, Parto, Hospitais de Ensino, Antropologia Social, Conflito de interesses

Resumo

O objetivo deste estudo foi descrever e analisar as representações sociais de profissionais de saúde sobre a assistência ao parto e violências em um hospital universitário do sul do Brasil. Como método foi utilizada a observação participante no interior de um centro obstétrico e entrevistas com profissionais de saúde de um hospital universitário. Adotou-se o referencial socioantropológico das Representações Sociais para a interpretação dos dados.  Os resultados mostram que as práticas na atenção ao parto ainda são predominantemente pautadas no modelo de atendimento tecnocrático e no descumprimento dos protocolos estabelecidos no âmbito do Sistema Único de Saúde. Observou-se também que a comunicação conflituosa entre as equipes é uma fonte de tensões que se reflete nas práticas obstétricas. Concluiu -se que é indispensável que ocorram mudanças na formação de profissionais de saúde, com foco nas boas práticas do parto e nascimento, com vistas a implantação do modelo de atenção humanista.

Biografia do Autor

Kathie Njaine, Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca

Doutora em Ciências pela Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca - Fundação Oswaldo Cruz (2004). Mestre em Ciências da Informação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, em 1994. Pesquisadora associdada do Departamento de Estudos sobre Violência e Saúde Jorge Careli, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca - Fundação Oswaldo Cruz. Docente do Programa de Pós Graduação em Saúde Pública da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca/FIOCRUZ. Coordenadora do Curso de Especialização à Distância Impactos da Violência na Saúde. Atua na área de ensino e pesquisa em saúde coletiva, com ênfase em violência e saúde, principalmente nos seguintes temas: violência e juventude,informação e comunicação sobre violência, violência de gênero, violência e escola e prevenção da violência.

Fatima Cecchetto, Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca

Possui doutorado em Saúde Coletiva (2002) pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro e mestrado em ciências sociais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1997). Atualmente é pesquisadora do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), professora do programa de pós- graduação da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) e colaboradora do Centro Latino-Americano de Estudos de Violência e Saúde Jorge Careli (CLAVES). Já publicou diversos artigos em revistas nacionais e internacionais. É autora do livro " Violência e Estilos de Masculinidade". Desenvolve pesquisas na área de Antropologia e Saúde Pública, atuando principalmente nos seguintes temas: gênero, sexualidade, juventude, masculinidade e violência.

Greice Machado Pieszak, Universidade Federal do Rio Grande (FURG)

Enfermeira Neonatologista e Obstetra. Mestra em Enfermagem pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Doutoranda em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG). Docente do curso de Enfermagem da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI- Campus de Santiago, RS).

Monica Tabata Heringer Streck, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)

Enfermeira no Hospital Universitário de Santa Maria/ HUSM - Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares EBSERH, na linha de cuidado materno-infantil. Graduada em Enfermagem pela Universidade Federal de Santa Maria - UFSM . Especialista em Saúde Pública pela UFCSPA e Especialista em Enfermagem do Trabalho pela UNINTER. Mestranda do curso de Pós-Graduação - Mestrado em Enfermagem pela UFSM - Linha de Pesquisa: Trabalho e Gestão em Enfermagem e Saúde. Exerceu preceptoria da Residencia Multiprofissional da UFSM na linha Mãe-bebê. É integrante do Grupo de Ensino, Pesquisa e Extensão em Saúde Coletiva/ GEPESC - UFSM.

Referências

1. Pereira RR, Franco SC, Baldin N. Pain and the protagonism of women in parturition. Braz J Anesthesiol [Internet]. 2011 [citado em 2019 Out 16];61(3):376-88. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-70942011000300014.

2. Diniz SG, Salgado HO, Andrezzo HFA, Carvalho PGC, Carvalho PCA, Aguiar CA, et al. Abuse and disrespect in childbirth care as a public health issue in Brazil: origins, definitions, impacts on maternal health, and proposals for its prevention. Rev Bras Crescimento Desenvolv Hum [Internet]. 2015 [citado em 2017 Jun 02];25(3):377-84. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/jhgd/article/view/106080/106629.

3. Davis-Floyd R. The technocratic, humanistic and holistic paradigms of childbirth. International Journal of Gynecology & Obstetrics. [Internet] Int J Gynaecol Obstet. 2001 Nov [citado em 2019 Out 16];75(suppl 1):S5-S23.. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0020729201005100?via%3Dihub.

4. Brasil, Ministério da Saúde. Ministério da Saúde fará monitoramento online de partos cesáreos no país [Internet ]. Ministério da Saúde. 2018 Mar 07 [citado em 2017 Nov 18]. Disponível em: http://portalms.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/42714-ministerio-da-saude-fara-monitoramento-online-de-partos-cesareos-no-pais.

5. Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM). Serviço de Estatística partos normais e cesáreas. Santa Maria: HUSM; 2018.

6. Sanfelice C, Abbud FSF, Pregnolatto OS, Silva MG, Shimo AKK. From institutionalized birth to home birth. Rev Rene [Internet]. 2014 [citado em 2019 Out 16];15(2):362-70. Disponível em: http://periodicos.ufc.br/rene/article/view/3170/2433.

7. Martins AC, Barros GM. Will you give birth in pain? Integrative review of obstetric violence in Brazilian public units. Rev dor [Internet]. 2016 Set [citado em 2019 Jun 15];17(3):215-218. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-00132016000300215&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt.

8. World Health Organization. Maternal and newborn health/safe motherhood unit care in normal birth: a practical guide [Internet]. Geneva: WHO; 1996 [citado em 2019 Jun 15]. Disponível em: http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/63167/1/WHO_FRH_MSM_96.24.pdf.

9. Brasil, Ministério da Saúde, Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do SUS. Diretriz nacional de assistência ao parto normal: relatório de recomendação [ Internet ]. Brasília: Ministério da Saúde; 2016 [citado em 2019 Jun 14]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Consultas/2016/Relatorio_DiretrizPartoNormal_CP.pdf.

10. Silva BG, Lima NP, Silva SG, Antúnez SF, Seerig LM1, Restrepo-Méndez MC, et al. Maternal mortality in Brazil from 2001 to 2012: time trends and regional differences. Rev Bras Epidemiol [Internet]. 2016 [citado em 2019 Jun 15];19(3):484-93. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1415-790X2016000300484&script=sci_arttext&tlng=en.

11. Lemos F. Hospital Universitário de Santa Maria atesta óbito de bebê vivo [Internet]. G1.com. 2018 Set 18 [citado 2019 Out 16]. Disponível em https://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2018/09/18/hospital-universitario-de-santa-maria-atesta-obito-de-bebe-vivo.ghtml.

12. Dias MA, Domingues RM, Schilithz AO, Nakamura-Pereira M, Diniz CS, Brum IR, et al. Incidence of maternal near miss in hospital childbirth and postpartum: data from the Birth in Brazil study. Cad Saude Publica [Internet]. 2014 Ago [citado em 2019 Jun 15];30(suppl 1):s1-12. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2014001300022&lng=en&nrm=iso&tlng=en.

13. Rosendo TM, Roncalli AG. Maternal near misses and health inequalities: an analysis of contextual determinants in the State of Rio Grande do Norte, Brazil. Cien Saude Colet [Internet]. 2016 Jan [citado em 2019 Jun 15];21(1):191-201. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232016000100191.

14. Callaghan WM, Mackay AP, Berg CJ. Identification of severe maternal morbidity during delivery hospitalizations, United States, 1991-2003. Am J Obstet Gynecol [Internet]. 2008 [citado 2019 Out 16];199(2):133.e1-8, Disponível em: https://www.ajog.org/article/S0002-9378(07)02332-0/fulltext.

15. Botti SHO, Rego STA. Clinical teacher: the complex role of the preceptor in medical residency. Physis (Rio J) [Internet]. 2011 [citado em 2019 Jun 16];21(1):65-85. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-73312011000100005&lng=en&nrm=iso&tlng=pt.

16 Leal MC, Pereira APE, Domingues RMSM, Theme Filha MM, Dias MAB, Nakamura-Pereira M, et al. Obstetric interventions during labor and childbirth in Brazilian low-risk women. Cad Saude Publica [Internet ]. 2014 [citado em 2019 Jun 15];30(suppl 1):17-32. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2014001300005&lng=en&nrm=iso&tlng=en.

17.. Domingues RM, Dias MA, Nakamura-Pereira M, Torres JA, d'Orsi E, Pereira AP, et al. Process of decision-making regarding the mode of birth in Brazil: from the initial preference of women to the final mode of birth. Cad Saude Publica [Internet ]. 2014 [citado em 2019 Jun 15];30(suppl 1):S1-S16. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2014001300017&lng=en&nrm=iso&tlng=en

18. World Health Organization. Human eproduction Program [Internet]. Geneva: WHO; 2014 [citado em 2019 Jun 15]. Disponível em: https://www.who.int/reproductivehealth/hrp/en/.

19.. Uchôa SAC, Camargo Jr KR. Os protocolos e a decisão médica: medicina baseada em vivências e ou evidências?. Cien Saude Colet [Internet]. 2010 Jul [citado em 2019 Jun 29];15(4):2241-49. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232010000400038.

20. Zanardo GLP, Uribe MG, de Nadal AHR, Habigzang LF. Violência obstétrica no Brasil: uma revisão narrativa. Psicol Soc [Internet]. 2017 Jul [citado em 2019 Out 16];29: e155043. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-71822017000100218.

21. Chourabi LF. Representações e práticas sociais dos profissionais de saúde e usuárias sobre a assistência ao parto em um hospital universitário do sul do Brasil: um estudo à luz do conceito de violência obstétrica [tese na internet]. Rio de Janeiro: ENSP; 2018 [citado em 2019 Out 16]. Disponível em: https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/31149/2/lizandra_flores.pdf

22. Morse ML, Fonseca SC, Gottgtroy CL, Waldmann CS, Gueller E. Morbidade materna grave e near Misses em hospital de referência regional. Rev Bras Epidemiol [Internet]. 2011 Jun [citado em 2019 Out 16];14(2):310-22. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-790X2011000200012&lng=en&nrm=iso.
Publicado
2019-11-25
Como Citar
1.
Chourabi L, Njaine K, Cecchetto F, Pieszak G, Streck M. Assistência ao parto e violências sob a ótica de profissionais de saúde. Revista de Saúde Pública do Paraná [Internet]. 25nov.2019 [citado 26abr.2024];2(2):28-. Available from: http://revista.escoladesaude.pr.gov.br/index.php/rspp/article/view/276
Seção
Artigos originais