Hanseníase no Brasil: ainda mais negligenciada em tempos de pandemia do COVID–19?

Palavras-chave: Infecções por Coronavirus, Hanseníase, Doenças Negligenciadas

Resumo

O objetivo foi comparar o número de diagnóstico e óbito da hanseníase no Brasil no período de 2010 a 2020, considerando a pandemia de Covid-19, e assim analisar de que maneira este evento interferiu na sistemática de diagnóstico e óbito em pacientes com hanseníase. Estudo epidemiológico descritivo com abordagem quantitativa de dados secundários disponibilizados no DATASUS, que incluiu as informações de todas as notificações e óbitos entre indivíduos com hanseníase que tiveram no período citado, modo de entrada “caso novo”, nos estados do Brasil. Os resultados mostraram tendência de queda anual no número total de novos casos de hanseníase no país, com grande redução em 2020. Em relação ao número de óbitos, a região Nordeste foi a responsável pela maior parte dos óbitos em pacientes em acompanhamento na última década. A pandemia intensifica desafios e vulnerabilidades anteriores, sendo imperativo implementar políticas públicas de saúde voltadas à hanseníase.

Biografia do Autor

Marília Lopes Pernambuco, Universidade Federal do Ceará

Mestranda em Saúde Pública. Universidade Federal do Ceará (UFC), Fortaleza, Ceará

Guilherme Andrade Ruela, Universidade Federal de Minas Gerais

Mestre em Saúde Pública, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, Minas Gerais

Iraneide Nascimento Santos, Instituto Federal de Pernambuco

Mestra em Patologia, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Recife, Pernambuco

Rafaelle Freire Bomfim, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB)

Bacharel em Fisioterapia, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), Vitória da Conquista, Bahia

Suzana Eda Hikichi, Universidade Federal de Lavras

Doutora em Microbiologia Agrícola, Universidade Federal de Lavras (UFLA), Lavras, Minas Gerais

João Lúcio Macário Lira, Centro Universitário

Bacharelando em Biomedicina, Centro Universitário (CESMAC), Maceió, Alagoas

Edson Alan Santos Barros, Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública

Especialista em Saúde Mental e Atenção Básica, Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (BAHIANA), Salvador, Bahia

Cristiane Silva Morais, Universidade UNIVERITAS

Mestranda em Ciências, Universidade UNIVERITAS, Guarulhos, São Paulo

Jorge Pamplona Pagnossa, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Doutor em Microbiologia Agrícola, Professor Assistente I, Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas), Campus Poços de Caldas, Minas Gerais

Referências

1. Wang C, Pan R, Wan X, Tan Y, Xu L, Ho CS, et al. Immediate psychological responses and associated factors during the initial stage of the 2019 coronavirus disease (COVID-19) epidemic among the general population in china. Int. J. Environ. Res. Public. Health. 2020 [acesso em 2021 abr 02];7(5),1729. doi: https://doi.org/10.3390/ijerph17051729

2. Xiao C. A novel approach of consultation on 2019 novel coronavirus (COVID-19)- related psychological and mental problems: Structured letter therapy. Psychiatry Investig. 2020 [acesso em 2021 abr 01];17(2),175-176. doi: https://doi.org/10.30773/pi.2020.0047

3. Schmidt B, Crepaldi MA, Bolze SDA, Neiva-Silva L, Demenech LM. Saúde mental e intervenções psicológicas diante da pandemia do novo coronavírus (COVID-19). Estud. psicol. (Campinas) [online]. 2020 [acesso em 2021 abr 04], 37, e200063. doi: https://doi.org/10.1590/1982-0275202037e200063

4. World Health Organization. (COVID-19) situation reports - 115. 2020a. [acesso em 2021 abr 04], Disponível em: https://www.who.int/docs/default-source/coronaviruse/situation-reports/20200514-covid19-sitrep-115.pdf?sfvrsn=3fce8d3c_6

5. Martins-Melo FR, Ramos Jr. AN, Alencar CH, Heukelbach J. Mortality from neglected tropical diseases in Brazil, 2000-2011. Bull. World Health Organ. 2016 [acesso em 2021 abr 01];94:103-10. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4750431/

6. Costa AKAN, Pfrimer IAH, Menezes AMF, Nascimento LB, Carmo Filho JR. Aspectos clínicos e epidemiológicos da hanseníase. Rev. Enferm. UFPE on line. 2019 [acesso em 2021 abr 01];13 (1), 353-62. doi: https://doi.org/10.5205/1981-8963-v13i2a236224p353-362-2019

7. Simpson CA, Fonseca LCT, Santos VRC. Perfil do doente de hanseníase no estado da Paraíba. Hansenol. Int. [online]. 2010 [acesso em 2021 abr 01];35(2):33-40. Disponível em: http://periodicos.ses.sp.bvs.br/pdf/hi/v35n2/v35n2a05.pdf

8. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Diretrizes para vigilância, atenção e eliminação da Hanseníase como problema de saúde pública: manual técnico-operacional [recurso eletrônico]/ Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Brasília: Ministério da Saúde, 2016. [acesso em 2021 abr 14]. Disponível em: https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2016/fevereiro/04/diretrizes-eliminacao-hanseniase-4fev16-web.pdf

9. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância e Doenças Transmissíveis. Guia prático sobre a hanseníase [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Brasília: Ministério da Saúde, 2017. [acesso em 2021 abr 14]. Disponível em: https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2017/novembro/22/Guia-Pratico-de-Hanseniase-WEB.pdf

10. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Coordenação-Geral de Desenvolvimento da Epidemiologia em Saúde. Guia de Vigilância em Saúde: volume único [recurso eletrônico]/ Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Coordenação-Geral de Desenvolvimento da Epidemiologia em Serviços. 3ª. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2019. [acesso em 2021 abr 14]. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_vigilancia_saude_3ed.pdf

11. Mello RS, Popoaski MCP, Nunes DH. Perfil dos pacientes portadores de Hanseníase na Região Sul do Estado de Santa Catarina no período de 01 de janeiro de 1999 a 31 de dezembro de 2003. Arq. Catarin. Med. 2006 [acesso em 2021 abr 01]; 35(1):29-36. Disponível em: http://www.acm.org.br/acm/seer/index.php/arquivos/article/view/29/25

12. World Health Organization. Global leprosy update, 2018: moving towards a leprosy-free world. Weekly epidemiological record. 2019 [acesso em 2021 abr 05]; 94:389-412. Disponível em: http://www.who.int/wer

13. Velôso DS, Melo CB, Sá TLB, Santos JP, Nascimento EF, Costa FAC, et al. Perfil clínico epidemiológico da hanseníase: uma revisão integrativa. REAS. 2018 [acesso em 2021 abr 05];10(1):1429-1437. doi: https://doi.org/10.25248/reas.e3902.2020

14. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Estimativas populacionais [Internet]. 2020 [acesso em 2021 mar 13]. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/populacao/9103-estimativas-de-populacao.html

15. Mahato S, Bhattarai S, Singh R. Inequities towards leprosy-affected people: A challenge during COVID-19 pandemic. PLoS Negl. Trop. Dis. 2020 [acesso em 2021 abr 05]; 14(7): e0008537. doi: https://doi.org/10.1371/journal.pntd.0008537

16. Barros B, Lambert SM, Neger E, Arquer GR, Sales AM, Darlong J. et al. An assessment of the reported impact of the COVID-19 pandemic on leprosy services using an online survey of practitioners in leprosy referral centres. Trans R Soc Trop Med Hyg., 2021 [acesso em 2021 nov 12]. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8195135/

17. Maricato G. Entre uma nova epidemia e uma velha endemia: notas sobre as ações dos movimentos de pessoas atingidas pela hanseníase ao longo da pandemia da COVID-19. Cad. Campo (São Paulo 1991) [Internet]. 2020 [acesso em 2021 abr 04];29(supl):163-72. doi: https://doi.org/10.11606/issn.2316-9133.v29isuplp163-172

18. Goes EF, Ramos DO, Ferreira AJF. Racial health inequalities and the COVID-19 pandemic. Trab. Educ. Saúde. 2020 [acesso em 2021 abr 04];18(3). doi: https://doi.org/10.1590/1981-7746-sol00278

19. Morosini L. Fora da prioridade: pandemia de COVID-19 agrava desassistência de doenças já consideradas invisibilizadas. RADIS: Comunicação e Saúde [Internet]. 2020 [acesso em 2021 mar 04];218:20-24. Disponível em: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/45016

20. Júnior LCG, Zanelli TLP, Faria ETSS, Milagres CS. A evolução da hanseníase no Brasil e suas implicações como problema de saúde pública. Braz. J. of Dev., 2021 [acesso em 2021 Mar 28] 7(1):1951-1960. Disponível em: https://www.brazilianjournals.com/index.php/BRJD/article/view/22758/18247

21. Rodrigues RN, Heloisy AM, Bueno IC, Araújo KMFA, Lana FCF. Áreas de alto risco de hanseníase no Brasil, período 2001-2015. Rev. Bras. Enferm. 2020 [acesso em 2021 Mar 28] 73(3):e20180583. doi: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2018-0583

22. Mendonça MA, Andrade YNL, Rolim ILTP, Aquino DMC, Soeiro VMS, Santos LH. Perfil epidemiológico dos contatos intradomiciliares de casos de hanseníase em capital hiperendêmica no Brasil. Rev. Fun. Care. Online. 2019 jul/set [acesso em 2021 Mar 27];11(4):873-879. doi: http://dx.doi.org/10.9789/2175-5361.2019.v11i4.873-879
23. Souza EA, Boigny RN, Oliveira HX, Oliveira MLW, Heukelbach J, Alencar CH. Tendências e padrões espaço-temporais da mortalidade relacionada à hanseníase no Estado da Bahia, Nordeste do Brasil, 1999-2014. Cad. Saúde Colet. 2018 [acesso em 2021 Mar 27] 26(2), 191-202. doi: https://doi.org/10.1590/1414-462x201800020255
24. Silva WC, Melo KC, Soares NA, Silva CO, Silva RA, Chaves JO. Aspectos epidemiológicos da Hanseníase no Município de Caxias, do Estado do Maranhão. Res., Soc. Dev. 2021 [acesso em 2021 Mar 20] 10(2):e2210212022. doi: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i11.10250
25. Organização Mundial de Saúde. Estratégia Global para Hanseníase 2016-2020: aceleração rumo ao mundo sem Hanseníase.2017[acesso em 2021 abr 04]. Disponível em: https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/254907/9789290225881-por.pdf?sequence=8

26. Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil). Óbitos em Cartórios apontam 2020 como o ano mais mortal da história do Brasil [Internet]. [acesso em 2021 mar 28]. Disponível em: http://www.arpenbrasil.org.br/sala_imprensa_materia.php?id=9
Publicado
2022-03-31
Como Citar
1.
Pernambuco ML, Ruela GA, Santos IN, Bomfim RF, Hikichi SE, Lira JLM, Barros EAS, Morais CS, Pagnossa J. Hanseníase no Brasil: ainda mais negligenciada em tempos de pandemia do COVID–19?. Revista de Saúde Pública do Paraná [Internet]. 31mar.2022 [citado 26abr.2024];5(1):2-8. Available from: http://revista.escoladesaude.pr.gov.br/index.php/rspp/article/view/548
Seção
Artigos originais