Orientação Parental como Estratégia de Cuidado à Saúde Mental na Infância e Adolescência
Resumo
Objetivo: Este estudo buscou explorar o processo de trabalho em atendimentos psicológicos
de orientação parental. Método: Trata-se de um estudo de caso descritivo observacional, de
46 pais responsáveis por 42 crianças e adolescentes de 3 a 14 anos. Os pais receberam uma
intervenção durante 8 a 10 semanas. Os dados foram coletados por meio da observação
participante e dos prontuários de saúde. Verificou-se quais são os temas mais relevantes a
serem abordados no cuidado aos pais. Resultados: As principais queixas entre as crianças
foram: mudanças na dinâmica familiar (23,81%), abuso e negligência (21,43%),
comportamentos disruptivos (19,05%) e sintomas de ansiedade (11,90%). As queixas
secundárias mais frequentes foram: comportamentos disruptivos (52,17%), sintomas ansiosos
(21,74%), sintomas depressivos (13,04%), comportamentos autolesivos (8,70%) e sintomas
mistos (4,35%). Os diagnósticos prévios mais frequentes (11,90%) foram Epilepsia e
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, seguido de Transtorno Opositivo
Desafiador (9,52%), Encoprese e Transtorno do Espectro Autista (4,76% cada). Os principais
temas trabalhados com esses pais foram: direitos humanos básicos; a importância do brincar
para o desenvolvimento infantil; educação sexual; padrões comportamentais e familiares
inconscientes; tarefas domésticas; relacionamento conjugal e sexualidade; qualidade na
interação familiar, teoria do apego e ciclo de segurança; estilos parentais; desenvolvimento de
habilidades sociais aplicadas à parentalidade; disciplina positiva; expressão e validação
emocional; estabelecimento de regras e limites e gênero e feminismo. Discussão: Abordar a
parentalidade a partir de uma perspectiva psicodinâmica enfatiza a importância de se ouvir o
surgimento do sofrimento parental, de como a angústia surge no fenômeno parental em cada
sujeito e as respostas que a cultura tem produzido diante desse fenômeno. Cada sujeito, a
partir da elaboração de sua história, responderá de maneira única às forças que o campo
parental convoca. É preciso discutir com os pais o gênero dos problemas que enfrentam e o
que podem esperar de suas ações, mas não dizer exatamente o que devem fazer. Este tipo de
intervenção, focada em aspectos relacionados à parentalidade, permite também a integração
de técnicas de outros referenciais teóricos. Conclusão: Essas descobertas destacam a
importância de programas preventivos na primeira infância, a fim de melhorar as habilidades
dos pais para resolver problemas.
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