Associação entre o uso de crack e o desenvolvimento da tuberculose

Palavras-chave: Dependência química, Tuberculose, Drogas ilícitas, Epidemiologia, Fatores de risco

Resumo

A tuberculose é uma doença infecciosa que agrega além de morbimortalidade, gastos exorbitantes ao sistema de saúde, conhecida por se associar com outras doenças e agravos, causando grande impacto no estado de saúde de um indivíduo. Algumas populações e situações trazem maior risco de contaminação com o bacilo de Koch, sendo uma delas o uso de drogas ilícitas, em especial o crack. Trata-se de uma revisão narrativa fundamentada em artigos, com objetivo de esclarecer a razão pela qual muitos usuários de crack acabam desenvolvendo tuberculose pulmonar, bem como expor o curso da doença e seus fatores de risco. Os resultados demonstraram que crack facilita o desenvolvimento da tuberculose não só pelo comprometimento do sistema imunológico, mas também agrega ao usuário uma série de comportamentos que coincidentemente são os mesmos fatores de risco para tuberculose. Conclui-se que essas situações atuam sinergicamente, aumentando exponencialmente o risco do usuário de crack contrair tuberculose.

Biografia do Autor

Fabio Paula Conforto Oliveira, Universidade de Contestado

Graduando do curso de Medicina, Universidade do Contestado, Campus Mafra, Santa Catarina, Brasil.

Carlos Henrique Wiedmer Bosch, Universidade de Contestado

Professor Docente da Graduação do curso de Medicina, Universidade do Contestado, Campus Mafra, Santa Catarina, Brasil. Graduado em Medicina pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC/PR). Título de especialista em Ginecologia e Obstetrícia pelo Hospital Central do Exército. MBA em Gestão de Saúde e Administração Hospitalar pela Universidade Estácio de Sá. Mestrando em Gestão de Cuidados de Saúde da MUST University. Lapa. Paraná. Brasil.

Referências

1. Glaziou P, Floyd K, Raviglione M. Global Epidemiology of Tuberculosis, Seminars in Respiratory and Critical Care Medicine, 2018 Jun 39(3): 271–85. doi: https://doi.org/10.1055/s-0038-1651492. Disponível em: https://www.thieme-connect.de/products/ejournals/abstract/10.1055/s-0038-1651492.
2. Fiocruz. Pesquisa Nacional sobre o uso de crack: quem são os usuários de crack e/ou similares do Brasil? Quantos são nas capitais brasileiras? Rio de Janeiro: Editora ICICT/FIOCRUZ, 2014. 224p. E-book. ISBN 978-85-62454-05-9.
3. Costa KB, Silva CEF, MARTINS AF. Clinical and epidemiological characteristics of patients with tuberculosis in the city with the highest incidence of the disease in Brazil, Clin Biomed. Res. 2014 34(1): 40-46. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/hcpa/article/view/43291/28770
4. Suárez I, Fünger SM, Kröger S, Rademacher J, Fätkenheur G, Rybniker J. The Diagnosis and Treatment of Tuberculosis. Deutsches Ärzteblatt international, 2019 Out. doi: 10.3238/arztebl.2019.0729. Disponível em: https://www.aerzteblatt.de/int/archive/article/210460
5. Eddabra R, Neffa M. Epidemiological profile among pulmonary and extrapulmonary tuberculosis patients in Laayoune, Morocco. Pan African Medical Journal, 2020 Set 37(56): 1-8. doi: 10.11604/pamj.2020.37.56.21111. Disponível em: https://www.panafrican-med-journal.com/content/article/37/56/pdf/56.pdf
6. Dheda K, Barry CE, Maartens G. Tuberculosis. The Lancet, 2016 Mar 387(10024): 1211–26. doi: https://doi.org/10.1016/S0140-6736(15)00151-8. Disponível em: https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(15)00151-8/fulltext.
7. World Health Organization (WHO). Global tuberculosis report 2022. [Internet]. Geneva: World Health Organization; 2022. Disponível em: https://www.who.int/publications/i/item/9789240061729.
8. Poersch K, Costa JSD. Fatores associados ao abandono do tratamento da tuberculose: estudo de casos e controles. Cadernos Saúde Coletiva, 2022 Jan 29(4): 485-95. doi: 10.1590/1414-462x202129040. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-462X2022005004201&tlng=pt.
9. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Boletim epidemiológico de tuberculose – 2021. Brasília: Ministério da Saúde; 2021. https://www.gov.br/aids/pt-br/centrais-de-conteudo/boletins-epidemiologicos/2021/tuberculose/boletim_tuberculose_2021_internet.pdf/view.
10. Lönnroth K. Jaramillo E, Williams BG, Dye C, Raviglione M. Drivers of tuberculosis epidemics: The role of risk factors and social determinants. Social Science & Medicine, 2009 Jun 68(12): 2240–46. doi: https://doi.org/10.1016/j.socscimed.2009.03.041. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22133/tde-22032022-151416/.
11. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Manual de Recomendações para o Controle da Tuberculose no Brasil - 2019. Disponível em: http://antigo.aids.gov.br/pt-br/pub/2019/manual-de-recomendacoes-para-o-controle-da-tuberculose-no-brasil
12. Scholze AR. Análise espacial e temporal da tuberculose entre pessoas em uso crônico de álcool, tabaco e ou drogas ilícitas no Estado do Paraná. [tese] [Internet]. Ribeirão Preto: Universidade de São Paulo; 2021. [citado em: 10 de março de 2023] Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22133/tde-22032022-151416/.
13. Ximenes R, Albuquerque MFPM, Souza WV, Montarroyos UR, Diniz GTN, Luna CF et al. Is it bettertoberich in a poorareaorpoor in a richarea? A multilevelanalysis of a case-controlstudy of social determinants of tuberculosis, Internationaljournal of epidemiology, 2009 Aug, 38(5): 1285–96. doi: 10.1093/ije/dyp224. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2755128/.
14. Rasanathan K, Sivasankara Kurup A, Jaramillo E, Lönnroth K. The social determinants of health: keyto global tuberculosis control. The InternationalJournal of Tuberculosis and Lung Disease, 2011 Jun, 15(6): 30–6. doi: https://doi.org/10.5588/ijtld.10.0691. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/22405717/.
15. Eddabra R, Neffa M. Epidemiological profile among pulmonary and extrapulmonary tuberculosis patients in Laayoune, Morocco. Pan African Medical Journal, 2020 Set, 37(56): 1-8, doi: 10.11604/pamj.2020.37.56.21111. Disponível em: https://www.panafrican-med-journal.com/content/article/37/56/full/
16. Genung, V. Understanding the Neurobiology, Assessment, and Treatment of Substances of Abuse and Dependence: A Guide for the Critical Care Nurse. Critical Care NursingClinics of North America, 2012 Mar, 24(1): 117–30. doi: 10.1016/j.ccell.2012.01.007 Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/22405717/
17. Liu J, Li J. Drug addiction: a curable mental disorder? Acta Pharmacologica Sinica, 2018 Dez, 39(12): 1823–29. doi: https://doi.org/10.1038/s41401-018-0180-x. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/22405717/.
18. Ornell F, Hansen F, Schuch FB, Rebelatto FP, Tavares AL, Scherer JN et al. Brain-derivedneurotrophicfactor in substance use disorders: A systematic review and meta-analysis. Drug and AlcoholDependence, 2018 Dez, 193: 91–103. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.drugalcdep.2018.08.036.
19. Pachado MP, Scherer JN, Guimarães LSP, Diemen L, Pechansky F, Kessler FHP et al. Markers for Severity of Problems in InterpersonalRelationships of Crack Cocaine Usersfrom a Brazilian Multicenter Study. Psychiatric Quarterly, 2018 Dez, 89(4): 923–36. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s11126-018-9590-7.
20. Baez S, Fittipaldi S, de La Fuente LA, Carballo M, Ferrando R, García-Cordero I et al. Empathy deficits and their behavioral, neuroanatomical, and functional connectivity correlates in smoked cocaine users. Progress in Neuro-Psychopharmacology and Biological Psychiatry, 2021 Ago, 110. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.pnpbp.2021.110328.
21. Ribas PGL, Richter TT, Marques FH, Bernuci MP, Silva TMG. Perfil sociodemográfico de usuárias de substâncias psicoativas em um município do Sul do Brasil. Saúde e Pesquisa. 2022 Dez, 15(4): 1–12. doi: https://doi.org/10.17765/2176-9206.2022v15n4.e11151. Disponível em: https://periodicos.unicesumar.edu.br/index.php/saudpesq/article/view/11151.
22. Cruz VD, Harter J, Oliveira MM, Gonzales RIC, Alves PF. Consumo de crack e a tuberculose: uma revisão integrativa, SMAD. Revista Eletrônica Saúde Mental Álcool e Drogas, 2013 Abr, 9(1): 48-54. doi: https://doi.org/10.11606/issn.1806-6976.v9i1p48-55. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/smad/article/view/77414.
23. Pedrosa SM, Reis ML, Gontijo DT, Teles AS, Medeiros M. A trajetória da dependência do crack: percepções de pessoas em tratamento. Revista Brasileira de Enfermagem. 2016 Out, 69(5): 956–63. doi: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2016-0045. Disponível em: https://www.scielo.br/j/reben/a/QH66hLRSgw8n9bx47szgSFC/?lang=pt.
24. Hirsch GE, Jaskulski M, Hamerski HM, Porto FG, Silva B, Aita CAM et al. Evaluation of oxidative stress and brain-derived neurotrophic factor levels related to crack-use detoxification. NeuroscienceLetters, 2018 Mar, 670, 62–68. doi: https://doi.org/10.1016/j.neulet.2018.01.044 Disponível em. https://doi.org/10.1016/j.neulet.2018.01.044.
25. Halpern SC, Scherer JN, Roglio V, Faller S, Sordi A, Ornell F, et al. Vulnerabilidades clínicas e sociais em usuários de crack de acordo com a situação de moradia: um estudo multicêntrico de seis capitais brasileiras. Cadernos de Saúde Pública, 2017, 33(6): 1-13. doi: 10.1590/0102-311x00037517. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2017000605002&lng=pt&tlng=pt.
26. Butler AJ, Rehm J, Fischer B. Health outcomesassociated with crack-cocaine use: Systematic review and meta-analyses. Drug and Alcohol Dependence, 2017 Nov, 180, 401–16. doi: https://doi.org/10.1016/j.drugalcdep.2017.08.036. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0376871617304775?via%3Dihub.
27. Story A, Bothamley G, Hayward A. Crack Cocaine and Infectious Tuberculosis. Emerging Infectious Diseases, 2008 Sep. 14(9): 1466–69. doi: https://doi.org/10.3201/eid1409.070654. Disponível em: https://wwwnc.cdc.gov/eid/article/14/9/07-0654_article.
28. Vandjelovic ND, Larson AK, Sugihara EM, Stern NA. Crack cocaine induced upper airway injury. Annals of burns and firedisasters, 2020 Jun, 33(2):121–25. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7452604/.
29. Rosário B, de Nazaré M, Estadella D, Ribeiro D, Viana M. Behavioral and neurobiological alterations induced by chronic use of crack cocaine. Reviews in the Neurosciences. 2020;31(1): 59-75. https://doi.org/10.1515/revneuro-2018-0118
30. Levandowski ML, Tractenberg SG, Azeredo LA, Nardi TD, Rovaris DL, Bau CHD, et al. Crack cocaine addiction, earlylife stress and accelerated cellularaging among women. Progress in Neuro-Psychopharmacology and BiologicalPsychiatry. 2016 Nov, 71, 83–89. doi: https://doi.org/10.1016/j.pnpbp.2016.06.009. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S027858461630094X?via%3Dihub.
31. Silva DR, Muñoz-Torrico M, Duarte R, Galvão T, Bonini EH, Arbex FF, et al. Risk factors for tuberculosis: diabetes, smoking, alcohol use, and the use of other drugs. Jornal Brasileiro de Pneumologia. 2018 Abr, 44(2): 145–152 Disponível em: https://doi.org/10.1590/s1806-37562017000000443
Publicado
2023-10-26
Como Citar
1.
Oliveira FPC, Bosch CHW. Associação entre o uso de crack e o desenvolvimento da tuberculose. Revista de Saúde Pública do Paraná [Internet]. 26out.2023 [citado 19maio2024];6(4):1-8. Available from: http://revista.escoladesaude.pr.gov.br/index.php/rspp/article/view/869
Seção
Artigos originais